A hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, entre outros fatores. As hepatites virais constituem um caso em especial, pois são doenças infecciosas, ou seja, podem ser transmitidas para outas pessoas.
Dados os esforços nacionais para evitar a doença, o número de casos diminuiu 7% no Brasil desde 2008, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2019, divulgado pelo Ministério da Saúde.
Apesar disso, para continuar nesse caminho, é importante reforçar como se prevenir do problema, realizar exames para pesquisa de hepatites com alguma frequência e conhecer alguns dos sintomas de hepatite, para ajudar a detectar precocemente nos casos em que a doença não se manifestar de forma mais característica.
Tipos de Hepatites Virais
As hepatites virais conhecidas, até o momento, podem ser de até cinco tipos diferentes (A, B, C, D e E) e cada uma delas tem as suas particularidades. No Brasil, são mais comuns as causadas pelos vírus A, B e C, as outras duas (D e E) são mais raras aqui, se manifestando mais frequentemente na África e na Ásia. Enquanto as hepatites A, D e E se manifestam de forma aguda, as hepatites virais B e C podem se tornar crônicas e evoluir para formas mais graves de doenças hepáticas, como a cirrose e o câncer de fígado.
Entenda melhor sobre as três hepatites virais mais comuns no Brasil:
Hepatite A
O vírus da hepatite A (VHA) possui transmissão oral-fecal, ou seja, infecta os pacientes através de água ou alimentos contaminados, em sua forma mais comum de transmissão. Existe vacina para a hepatite A e ela faz parte do calendário oficial de vacinação pública, para crianças menores de 5 anos de idade, garantindo imunidade durante toda a vida, na maioria dos casos. É importante a realização dos exames de sorologia (Pesquisa de Anticorpos Anti-VHA de classe IgG) para verificar se a vacinas fez o efeito esperado, pois a presença destes anticorpos indica a imunidade à doença.
Embora com muitos sintomas e geralmente necessitar de hospitalização, o paciente com hepatite A costuma evoluir bem, sendo raros os casos de maior gravidade. Na maior parte dos casos, o vírus é eliminado pelo sistema imunológico dentro de um ou dois meses.
Em casos muito raros, o vírus causa hepatite fulminante, provocando danos severos ao fígado, levando a óbito.
Uma vez infectado, não existe um tratamento específico para o vírus da hepatite A, como ocorre com muitas doenças virais.
Hepatite B
A transmissão do vírus da hepatite B (VHB) é parenteral, isso quer dizer que ao invés da transmissão oral-fecal (como ocorre na hepatite A) o VHB é transmitido por via sexual, transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas/seringas entre usuários de drogas, material contaminado como alicates de manicure/pedicure, instrumentos odontológicos, médicos, de tatuagem, que não foram devidamente esterilizados ou se forem reaproveitados nos casos dos itens descartáveis e de uso único.
Possui evolução benigna em 80% dos casos, sendo o sistema imunológico capaz de eliminar o vírus do organismo em períodos que vão de 3 a 6 meses, em média. Entretanto, em cerca de 20% dos casos isso não acontece e a doença se torna crônica, e aí não há cura. A pessoa necessita conviver com a presença do vírus e monitorar os efeitos do mesmo sobre o fígado periodicamente, com acompanhamento médico e realização de exames. Deve também se abster do uso de substâncias que afetam o fígado, como bebidas alcóolicas, alguns alimentos, e mesmo alguns medicamentos.
Existe vacina para hepatite B, sendo administrada em 3 doses para completar o ciclo de imunização. Essa vacina é obrigatória para alguns grupos de pessoas, como os profissionais de saúde, e recomendada para todas as pessoas.
Hepatite C
O Vírus da Hepatite C (VHC) também é transmitido da mesma forma que o vírus da hepatite B. A hepatite C é uma doença silenciosa, geralmente sem sintomas, além de pequenos desconfortos gastrointestinais e discretas alterações em exames de rotina (como no hemograma e nas enzimas hepáticas, como TGO e TGP), entretanto, se não tratada pode ser considerada o tipo mais grave de hepatite viral, pois evolui em mais de 90% dos casos para cirrose, câncer de fígado e para o óbito, sendo uma das principais causas de transplantes de fígado.
Não há vacina disponível para a hepatite C, e por esse motivo a detecção precoce é fundamental, pois os tratamentos mais novos permitem excelentes índices de cura, para alguns genótipos do VHC, desde que a doença seja detectada a tempo.
Como evitar as hepatites
Prevenção contra as hepatites envolvem bons hábitos de higiene, cuidados e proteção com relação à transmissão sexual e parenteral além, é claro, de manter as vacinas em dia).
A doença pode ser contraída de duas maneiras: contágio fecal-oral (Hepatites A e E) ou contágio parenteral (Hepatites B, C e D). Por isso, de uma forma geral, para evitá-las:
- Cozinhe bem os alimentos antes de consumi-los e, se for comê-los crus, lave-os bem antes da ingestão;
- Lave bem as mãos ao chegar da rua, depois de ir ao banheiro e antes de comer;
- Não compartilhe objetos de uso pessoal como escovas de dente, gilete ou alicates de unha, por exemplo;
- Use preservativos sempre;
- Evite entrar em contato com o sangue de outras pessoas;
- Antes de engravidar, realize os exames laboratoriais de pré-natal, pois o vírus pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez ou na amamentação.
Sintomas de hepatite
Os sintomas de hepatite se assemelham muito aos de outras doenças, o que dificulta a suspeita e pode retardar o diagnóstico. Há ainda casos em que os sintomas de hepatite são inexistentes, e isso não quer dizer que esses casos são mais brandos, pelo contrário, geralmente serão mais graves no futuro com a evolução da doença para formas graves de doenças hepáticas.
Em geral, os sintomas mais comuns relacionados às hepatites são:
- Febre;
- Tontura;
- Enjoo;
- Vômito;
- Dores abdominais;
- Cansaço;
- E o mais característico da doença: pele e olhos amarelos, também conhecido como icterícia.
Exames laboratoriais para auxiliar no diagnóstico da doença:
Alguns dos exames de rotina (como hemograma, enzimas hepáticas: TGO, TGP, Fosfatase Alcalina e GGT) podem indicar a presença de transtornos do fígado, mas são os exames de sorologia que indicam que se trata de hepatites virais, e em alguns casos serão necessários exames de biologia molecular para confirmar a presença dos vírus.
Os exames de triagem sorológica mais comuns para as hepatites virais são:
- Hepatite A: Anticorpos Anti-VHA Igg e Anticorpos Anti-VHA IgM
- Hepatite B: Antígeno HBsAg (triagem inicial da doença); Anticorpos Anti-HBs (para avaliar soroconversão após a cura da doença ou a imunidade vacinal).
- Hepatite C: Anticorpos Anti-VHC
Como há a chance de a hepatite se apresentar como assintomática, e é sempre melhor se prevenir do que remediar, tome os devidos cuidados e mantenha seus exames em dia.